Já se sabe que a gestão baseada em autocracia, vigilância e cobrança ficou no passado, o que nos dá uma pista da palavra-chave para responder a essa pergunta: evoluir. Mudanças na sociedade e nas arenas de trabalho exigiram uma evolução da liderança – que ainda está em curso, frisa-se – uma vez que, com as transformações, surgiram novos alicerces para uma gestão eficiente.
Construção de relações e criação de bons pactos (com pares, equipes e stakeholders externos) são fundamentais na visão estratégica do líder atual. São os vínculos de confiança que ajudam a mobilizar pessoas, dar significado a propósitos, formar equipes coesas. Se, por um lado, o trabalho remoto trouxe desafios para a formação desses vínculos, por outro, a atual cultura de buscar mais significado no trabalho, que não se restringe a uma única geração, tem um peso importante na colaboração, na diversidade e na escuta ativa. E esses elementos são essenciais para o engajamento nas equipes.
Fortalecer a confiança em tempos de modelo de trabalho híbrido é um dos principais desafios da liderança atual. A confiança depende de tempo de vida compartilhada. Tempo de observação e interação. No entanto, esses ciclos estão mais curtos. Agora, é preciso formar uma relação de confiança mais rapidamente e, muitas vezes, à distância.
No modelo híbrido, há pouco espaço para um outro aspecto importante nas relações humanas: a comunicação espontânea, que ajuda a conhecer a criar empatia e fortalecer a confiança. Na ausência de eventos presenciais, essa conversa mais fluida pode ser feita antes ou depois das reuniões virtuais, por exemplo. O que pode parecer perda de tempo é, na verdade, um investimento nas relações.
Pauta com relação direta às estratégias de ESG, a diversidade é outro pilar da nova liderança. Equipes inclusivas e diversas alcançam perspectivas e soluções diferentes a problemas complexos, característicos de cenários de incertezas. Mas, além das vantagens para os negócios, diversidade e inclusão trazem também um impacto no engajamento dos indivíduos, já que aumentam o vínculo emocional entre colaboradores e a relação das pessoas com o trabalho. Quem faz parte de um grupo diverso, que acolhe vozes e ideias diferentes, sente que tem seu lugar e seu valor naquele grupo.
Antes de refletir sobre as habilidades socioemocionais inerentes a bons gestores, é preciso destacar uma característica fundamental para as lideranças contemporâneas: gostar de se relacionar com pessoas. Trata-se de característica crucial para estabelecer conexões, formar vínculos de confiança, abrir espaço para comunicação espontânea e estabelecer confiança e promover um ambiente inclusivo e diverso.
Entre as soft skills que podem ser desenvolvidas e aprimoradas, três competências se destacam na atuação da liderança:
Autoconhecimento: quem conhece suas limitações e seus mecanismos emocionais e racionais para lidar com as situações consegue estar mais atento a suas reações e, assim, se relaciona melhor com as pessoas;
Capacidade de aprender: importante para qualquer profissional, essa habilidade pode ajudar o líder a se manter menos julgador e, portanto, mais aberto a aprender com o outro e promover um ambiente de aprendizagem coletiva;
Visão estratégica para formar conexões: a capacidade de leitura de contexto dá relevância à liderança. Estabelecer conexões sem direção, sem sentido, pode resultar em pactos ineficazes do ponto de vista estratégico.
Artigo desenvolvido a partir do episódio O Futuro da Liderança, do podcast Novos Humanos, produzido pela Bossa.etc. O episódio contou com a participação de Beatriz Vassimon, diretora de operações da Afferolab e membro do conselho da Bossa.etc.
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