Baby boomers, geração X, millennials e Gen Z. Profissionais pertencentes a quatro diferentes gerações atuam juntos no mundo corporativo. Quais os desafios dessa convivência intergeracional para as organizações? Como as empresas podem se beneficiar com a diversidade etária?
Antes de entender o impacto da presença de múltiplas gerações trabalhando juntas, é preciso entender a origem dessa categorização. O sociólogo húngaro Karl Mannheim (1893-1947) foi o primeiro pensador a propor a teoria de que existem características comuns a pessoas que nascem numa mesma época. Embora Mannheim não tenha vivido para acompanhar os impactos da Segunda Guerra na formação dos baby boomers, ele jogou luz sobre a relação do contexto histórico com o conceito de geração.
A consolidação da teoria geracional veio apenas na década de 1990, com os americanos William Strauss (1947-2007), escritor e dramaturgo, e Neil Howe, historiador de 70 anos. Eles classificaram diferenças gerações na linha do tempo, entre elas:
Baby boomers: de meados da década de 1940 a meados da década de 1960;
Geração X: do meio da década de 1960 a 1980;
Millennials (geração Y): de 1980 ao começo dos anos 2000;
Geração Z: depois de 2005
Como Strauss e Howe chegaram a essas faixas? Uma geração é definida, principalmente, por um conjunto de fatores sociais, econômicos e políticos que explicam parte dos comportamentos dos indivíduos que cresceram naquele determinado momento. A popularização do termo “geração” com o conceito de Mannheim ocorreu com os baby boomers, indivíduos nascidos no pós-guerra, quando o dinheiro voltava a circular, resgatando a confiança das famílias na economia. Muitas características dessa geração foram moldadas nesse contexto socioeconômico de prosperidade e otimismo. A geração seguinte, denominada X, vivenciou a transformação da sociedade com a revolução digital, com acesso a recursos tecnológicos que seus pais não conheceram na juventude. E assim por diante.
Com a aceleração do avanço tecnológico, o período que caracteriza cada geração começa a diminuir, uma vez que mudanças no cenário socioeconômico impactam comportamentos e atitudes dos indivíduos em sua formação. O mundo que as pessoas da Gen Z conheceram na infância já não é o mesmo em que as crianças de hoje estão vivendo. É por isso que já se fala em geração Alpha para categorizar pessoas nascidas na última década, por exemplo.
Teoria geracional nas organizações – A diversidade etária nas empresas é um fato, por isso o primeiro passo é compreender os comportamentos que mantêm os indivíduos de cada geração coesos. Sem etarismo ou estereótipos. Ignorar que o ambiente corporativo é formado por grupos de pessoas com pontos de vista, aspirações e atitudes distintas impacta a cultura organizacional e afeta a produtividade coletiva. Quando driblam clichês e preconceitos e aceitam as diferenças comportamentais, as organizações passam a entender a maneira como pontos de vista distintos afetam vários aspectos da relação entre colaboradores e empresa. E podem se beneficiar dessa diversidade. Afinal, diversidade gera criatividade.
Um dos principais pontos de conflito entre gerações é o domínio da tecnologia. Os jovens têm extrema aptidão tecnológica, mas não possuem a base do conhecimento. Onde sobra habilidade digital, falta experiência de vida. Mas, estimulados pelas empresas, pessoas com grande bagagem profissional podem trabalhar lado a lado com os nativos digitais para criar uma miríade de habilidades que se complementam. Com ações conjuntas, como programas de mentoria, fóruns de discussão e atividades intergeracionais, as organizações fomentam a criação de um ambiente harmônico com equipes eficientes.
O vínculo profissional é outro foco de divergência intergeracional. Por um lado, baby boomers baseiam seus vínculos em comprometimento e crescimento profissional. Por outro, para as novas gerações, essas relações ocorrem por adesão em um jogo de contrapartidas. Plano de carreira a longo prazo dá lugar a flexibilidade de horário, trabalho em home office e outros benefícios. A conscientização sobre essas diferenças de visão do mundo amplia o olhar da liderança sobre retenção de talentos e outros desafios do mundo contemporâneo.
Artigo desenvolvido a partir do episódio Convivência Intergeracional nas Organizações, do podcast Novos Humanos, produzido pelo grupo BMI + Bossa.etc + Afferolab. O episódio contou com a participação da socióloga Cristina Panella, coordenadora do núcleo de pesquisas Bossa Trends.
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